Um
cenário de juros baixos, inflação controlada, melhor acesso ao
crédito e sinais de favoráveis no emprego levou ao recuo de
endividamento e à diminuição da inadimplência das famílias
brasileiras, no começo do ano. É o que mostrou a Confederação
Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) ao anunciar
a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). No
levantamento, o percentual de famílias endividadas caiu de 65,6%
para 65,3% entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano, embora
ainda opere acima de janeiro de 2019 (60,1%). A fatia de endividados
sem condição de quitar dívidas caiu de 10% para 9,6% em igual
período de comparação, mesmo também superior a igual mês no ano
passado (9,1%). Além disso, a parcela de renda mensal comprometida
com dívidas atingiu 29,4% no primeiro mês do ano, o menor
percentual desde maio de 2019 (29,3%). Outro dado da pesquisa
anunciada hoje chamou atenção: algumas mudanças sutis no perfil de
dívida das famílias. Ao serem perguntadas qual tipo de dívida
teriam, mais uma vez o cartão de crédito ocupa a primeira posição,
com 78,7% dos endividados.
Entretanto essa é a menor
fatia em três meses (78% em outubro de 2019). Ao mesmo tempo,
financiamento de carro ocupa a segunda posição, com 19%, o maior
patamar desde junho de 2019 (19,2%). Para os próximos meses, há
grande chance de se continuar com diminuição de percentual de
famílias endividadas, e melhora nos indicadores de inadimplência,
de acordo com a especialista. Isso porque os sinais, até o momento,
são de permanência de ambiente de juros baixos e inflação
controlada — que ajuda a abrir brechas no orçamento das
famílias.
Ao mesmo tempo, há sinais de melhora no
emprego, não somente via informalidade, mas no mercado formal
também, conforme mostra Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(Caged) — o que eleva renda e, com isso, capacidade de quitar
dívidas.
Fonte: Valor Investe